domingo, 13 de dezembro de 2009

VIDA




V I D A

Como a vida é frágil,
Parece ser um único fio que segura nossa existência
E pensar nisso me levou a refletir sobre alguns conceitos, algumas experiências,
Sobre o amor, por exemplo,
O amor não é um sentimento propiciado pelo tempo,
Mas sim pela experiência e pelos momentos que dois vivem juntos
O amor não é trazido pela convivência, mas pelos momentos marcantes da vida
Não existe um critério para senti-lo, mas sim uma gama de emoções que o cultivam e o permitem florescer
Ele é mutante, se manifesta de várias formas e nos permite exercê-lo também de várias formas
Talvez seja o sentimento mais composto, mais complexo e certamente é misto, acompanhado de outros
Como a saudade, como a atração física, como a cumplicidade
Talvez seja piegas dizer, mas acredito que ele seja sim o combustível para a vida
E talvez também a chave que precisamos no fim
Para partir com a consciência tranqüila de ter deixado um legado
Para poder responder às perguntas que os deuses nos fazem quando chegamos no outro plano
Você teve alegria na sua vida?
Você proporcionou alegria a alguém?
São essas as perguntas que os egípcios acreditam ser o grande julgamento, a chave para ir para o idealizado paraíso
96% por cento das pessoas, segundo uma pesquisa, não gostariam de saber o dia da sua morte
Os outros 4%, acredito eu, não tem consciência do que seria ter essa informação
Por isso digo que a vida é um fio delicado
Justamente por não sabermos quando esse fio se rompe
É aí que está a mágica da vida
A expectativa do amanhã, que nos faz tentarmos ser o melhor hoje, agora, nesse exato minuto
Pois não sabemos se no próximo minuto ou segundo poderemos tentar ser melhores.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Dois irmãos de Milton Hatoum





O romance tem, como centro do enredo, a história de dois irmãos gêmeos: Yaqub e Omar. Na mesma casa, localizada em bairro portuário de Manaus, moram Domingas, a empregada da família, e seu filho Nael, um menino cuja infância é moldada pela condição de filho da empregada. Na tentativa de buscar a identidade de seu pai entre os homens da casa, Nael narra os acontecimentos que lá se passam, testemunhando vingança, paixão e relações arriscadas. É por meio de seu ponto de vista que o leitor entra em contato com Halim, o pai, sempre à espera da decisão mais acertada diante dos abismos familiares; com a desmedida dedicação da esposa Zana ao filho preferido Omar; com o trauma de Yaqub, o filho que, adolescente, foi separado da família; com a relação amorosa entre Rânia e seus irmãos; com a vida simples e cheia de renúncias da mãe Domingas. A história se inicia com a volta de Yaqub, que, por ordem do pai, fora enviado, com treze anos, ao sul do Líbano um ano antes da 2ª Guerra, no intuito de aliviar os atritos entre os irmãos. Considerado frágil e demasiadamente problemático, Omar fica no Brasil, solidificando-se, assim, a superproteção iniciada na infância. Cinco anos mais tarde, a volta de Yaqub marca a existência de uma nova pessoa: um jovem calado e cheio de mistérios que escondiam os segredos de sua permanência fora do país. Sozinho, segue para São Paulo, onde, recusando a ajuda financeira dos pais, forma-se em Engenharia Civil e se casa de forma misteriosa, comunicando a família por meio de um telegrama. Enquanto Yaqub trilhava os caminhos do sucesso, Omar se perdia em bebedeiras, noitadas e sucessivos escândalos. Ao ser enviado a São Paulo para tentar obter o êxito do irmão, descobre que ele se casou justamente com a jovem Lívia ? paixão de ambos desde a infância e causadora de uma séria briga entre os dois. Faz desenhos obscenos nas fotos do álbum de casamento do irmão, apertando ainda mais os laços de inimizade entre os dois. Em seguida, rouba dinheiro do irmão e foge para os Estados Unidos. Morre Halim e, pouco tempo depois, Omar faz amizade com o indiano Rochiram, que pretendia construir um hotel em Manaus. Zana, na tentativa de unir os filhos e desejosa de que abrissem uma construtora, escreve a Yaqub, que vai à cidade a negócios, ignorando a participação do irmão. Ao sentir-se traído, Omar espanca Yaqub, mandando-o para o hospital. Inicia-se, então, uma verdadeira caçada que se encerra com a prisão e condenação do Caçula a dois anos e sete meses de reclusão. O indiano Rochiram, vendo seus negócios fracassarem, exige que a irmã dos gêmeos, Rânia, venda a casa em que vivem para pagamento das dívidas. Surge, assim, no local, a Casa Rochiram, uma loja de quinquilharias importadas de Miami e Panamá. Nael fica com um pequeno quadrado no quintal, ao qual Rânia denominou ?herança?. Durante todo o desenrolar da história, Nael lutava ao lado da mãe, assoberbado, sem muito tempo para os estudos. Sente-se, com isso, injustiçado. Nunca desistiu de arrancar dos membros da família a identidade de seu pai, que sabia estar em um dos gêmeos. No jogo de interditos, juntando os cacos do passado, Nael se empenha em descobrir a verdade e, somente após trinta anos, quando quase todos já estão mortos, é que parece motivado a olhar para as personagens.